Por João Pedro Gonçalves
Em uma era em que o cinema nacional tem se mostrado mais disposto a explorar temas que tocam o coração do público, Inexplicável, de Fabrício Bittar, emerge como uma obra que equilibra emoção, humanidade e narrativa envolvente. O drama, que estreou no último dia 5 de dezembro, narra a comovente jornada de Gabriel Varandas, um jovem jogador de futebol mirim cuja vida é transformada após ser diagnosticado com uma grave doença, pouco tempo depois de conquistar o campeonato dos sonhos.
A trama, escrita por Fabrício Bittar e Andrea Yagui, mergulha profundamente na dor e na resiliência dos pais de Gabriel, interpretados com intensidade por Letícia Spiller e Eriberto Leão. Spiller, no papel de uma mãe dividida entre a fragilidade e a
força, oferece uma performance sutil e cativante, enquanto Leão entrega uma atuação visceral como o pai, cuja rigidez inicial se dissolve em um retrato emocionante de vulnerabilidade.
Bittar, conhecido por sua habilidade em transitar por diferentes gêneros, demonstra aqui um domínio notável sobre o drama. Ele utiliza a simplicidade como sua maior aliada, evitando os excessos para criar um filme que emociona por sua autenticidade.
Embora a narrativa central seja Gabriel e sua batalha pela vida, o lme também abre espaço para discussões mais amplas sobre saúde no esporte infantil, as expectativas impostas a jovens atletas e o impacto emocional das crises familiares.
Tudo isso é apresentado de forma acessível, tornando Inexplicável não apenas um drama cativante, mas também um convite à reflexão e à fé.
Apesar de algumas que remetem ao formato tradicional de dramas familiares, o longa consegue ultrapassar os clichês ao apostar em personagens complexos e em uma direção que preza pela honestidade emocional. Bittar mostra que a força do cinema está em sua capacidade de transformar histórias pessoais em experiências universais.
Inexplicável é, acima de tudo, uma celebração da fé e resiliência humana. Uma obra que nos lembra que, mesmo nas situações mais difíceis, há espaço para o amor, a superação e a esperança. Uma joia do cinema brasileiro que merece ser vista e sentida.
Nota: 4.5/5