O dia 1º de Maio marca a celebração da luta e das conquistas da classe trabalhadora ao redor do mundo.
Contudo, a data muitas vezes dá pouco espaço a um recorte bastante presente em países como o Brasil: o das pessoas que trabalham e estão em situação de rua.
A reportagem da Rádio Brasil foi a Sumaré conhecer o José Roberto da Silva, o “Alemão”, um catador de recicláveis do Parque Regina.
Natural de Pernambuco, ele construiu um pequeno barraco de papelão e lona na esquina de uma rua do bairro. Eis a triste realidade de quem luta para ter direito a uma vida digna, mas não tem acesso às ferramentas para lutar por ela.
O Alemão é um exemplo do que as estatísticas do Governo Federal já percebem há algum tempo.
Segundo um relatório elaborado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania em 2023, com base nos dados do Cadastro Único, mostra que o trabalho informal é a ocupação de 97% das pessoas em situação de rua, e a atuação como catador lidera, com 17% dos casos contabilizados.
Aos 46 anos e pai de seis filhos, o Seo José também está em outra estatística do levantamento. O desemprego, principal desafio para o sustento de sua família em Guarulhos – onde vivia antes de se mudar para Sumaré – é a razão para 39% dos relatos do viver nas ruas, segundo a sondagem do Governo Federal.
Alemão nos conta que embora já tenha passado pelos serviços de acolhimento da Prefeitura de Sumaré, prefere lutar para ter o seu próprio canto para viver, e até onde a fragilidade permite, também o seu direito à individualidade.
Mas será mesmo que a rua é a única alternativa para quem trabalha honestamente e não consegue pagar um aluguel ou um financiamento?
O jornalismo da Rádio Brasil foi atrás de diversas fontes para tentar obter uma resposta.
No Governo do Estado, tentamos uma entrevista com representantes da CDHU e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, mas fomos informados de que, para casos que envolvem a população em situação de rua, somente a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social poderia comentar o assunto. Apesar de procurada, a pasta não retornou nosso contato até o fechamento desta reportagem.
Recentemente, uma portaria editada pelo Ministério das Cidades também determinou que 38 dos municípios mais populosos do país, selecionados para os próximos empreendimentos do programa “Minha Casa, Minha Vida” tenham uma cota de 3% dos imóveis reservada à população em situação de rua.
Procuramos a superintendência regional da Caixa Econômica Federal, que afirmou ainda não dispor das informações sobre o programa.
Também buscamos o Ministério das Cidades, que não retornou à nossa tentativa de contato até o fechamento desta matéria.
No último dia 27, em entrevista coletiva durante o programa “Bom dia, Ministro”, da Rádio Nacional, o ministro Jader Filho afirmou que os imóveis serão concedidos a partir do mapeamento social feito pelas Prefeituras contempladas.
Ainda segundo o Ministério das Cidades, a lista de cidades contempladas com a cota de imóveis do Minha Casa Minha Vida reservados às pessoas em situação de rua, será atualizada a cada dois anos.
Fotografia: Kevin Kamada/Rádio Brasil Campinas
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