Era para ser apenas mais uma viagem de ônibus, mas o trajeto acabou mais cedo que o previsto, em pleno domingo.
A publicitária Taiane Miranda era uma das passageiras de um veículo que operava a rota entre São Paulo e Olímpia (SP), na região de São José do Rio Preto.
Contudo, a viagem sequer começou. Ainda no ponto inicial, o carro foi apreendido por uma fiscalização rodoviária da Artesp, a agência reguladora de transportes do estado.
Apesar da demora, os passageiros conseguiram ser levados até o Terminal Rodoviário do Tietê, também na capital paulista, mas o suporte oferecido a eles, que não conseguiriam concluir o trajeto, foi alvo de muitas críticas.
Principalmente pela falta de condições de ajuda a idosos e pessoas com autismo que também viajavam no ônibus.
A passagem havia sido adquirida pelo aplicativo Buser, e era operada por uma empresa de turismo da capital paulista.
Taiane recorreu ao suporte do aplicativo, mas diz ter recebido apenas mensagens padronizadas, que dizem que as operações são regulares e que a gestora do app seria alvo de perseguição.
Depois de muitas informações cruzadas e transtornos, principalmente aos passageiros prioritários, a viagem foi concluída por meio de vans. Os passageiros receberam vouchers de desconto para futuras viagens.
Nós entramos em contato com a Artesp, para entender o motivo da autuação. O superintendente de Fiscalização, Reonaldo Raitz Leandro, comenta que a irregularidade estava na modalidade de venda das passagens.
Questionado se a Artesp não poderia ter feito a fiscalização de outra forma, Raitz afirma que isso não foi possível, já que o ponto inicial da viagem era clandestino por estar fora de um terminal rodoviário.
O representante da agência diz que os fiscais acompanharam os passageiros até a rodoviária mais próxima, com o objetivo de garantir a segurança de todos os envolvidos.
O superintendente de Fiscalização de Serviços de Transportes Rodoviários de Cargas e Passageiros da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Felipe Ricardo Freitas, diz que as empresas que prestam serviço pelo transporte por aplicativo, não podem operar apenas viagens de ida na modalidade de Fretamento, já que nela não é possível legalizar uma série de condições deste tipo de viagem.
Nós também procuramos um representante da Buser para comentar o caso do ônibus apreendido na capital paulista, e a resposta veio por meio de uma nota da Assessoria de Imprensa.
A plataforma lamenta os transtornos causados aos viajantes, e nega que o veículo operado pela empresa parceira Sussantur estivesse irregular. A empresa afirma que “a viagem seria feita no modelo de fretamento colaborativo, que seria complementar ao modelo de linhas”.
A Buser diz “repudiar a ação da Artesp e alega se tratar de uma forma abusiva e contrária ao embate regulatório do setor de transportes no país”.
Por fim, a plataforma diz “ter oferecido todo o suporte aos passageiros para concluir o trajeto até os destinos finais”.
Também procuramos a empresa Sussantur Turismo para falar com um representante, mas não recebemos nenhum retorno até agora. O espaço permanece aberto para manifestação.
Reportagem: Kevin Kamada | Fotografia: Tomaz Silva / Agência Brasil
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